Após um período de rico experimentalismo com o grupo oficina, em Belo Horizonte, Roberto Vieira volta a Juiz de Fora. Solitário, realiza uma série de pinturas intituladas “paisagens”. Nelas aparecem as montanhas da Zona da Mata em processo de erosão, a vegetação e o céu. Cada elemento com seu espaço definido e existência quase autônoma. Uma natureza despovoada, mas repleta de cor e luminosidade. As cores são puras e limpas, a luminosidade é conseguida a partir da gradação tonal dos planos de cor. Esses mesmos planos que formam as nuvens, morros e árvores apresentam-se entrecortados, trazendo ritmo e pulsação à paisagem. O processo construtivo se revela quando percebemos que o quadro é composto por pequenas plaquetas de cor esmagadas por uma espátula contra a superfície lisa e rígida do duraplac. Pequenos grãos de cor, como os grãos de areia levados pela água e o vento no processo da erosão.
Roberto Vieira, a vida em silêncio ruidoso | Maraliz – 1996 |