Objetos no barranco | 2017

O caráter premonitório e antecipador da obra plástica de Roberto Vieira já era perfeitamente visível no início dos anos 60, quando, estudante de arquitetura e músico, freqüentando a oficina da Escola Guignard, propunha questões apenas latentes na reflexão e na produção artística brasileira de então. São dessa época suas primeiras peças minimalistas, formuladas com uma radicalidade ainda hoje nova, postas como questões espaciais em campo ampliado. Desde, então, trabalhando na contra-mão das práticas artísticas vigentes em Minas, assumiu sua rebeldia, que atrelava com inteligência o ato experimental à conspiração por uma liberdade de pensamento e ação quase sempre incompreendida. Em meados dos anos 70, Roberto daria uma trégua à experimentação radical, para trabalhar dentro da pintura algumas questões mais assimiláveis, tendo por mote a paisagem de Minas, reinventada em cores deslumbrantes, mas que não demoraria a abrir brecha para a abordagem crítica da realidade brasileira; transformando as montanhas em corpos dilacerados, e daí partindo para a construção de caixas, que ele chamou de sacrários, onde a terra, com matéria orgânica e seres vivos, passariam a constituir os elementos de força de novas experiências.

Márcio Sampaio | Ler texto completo